out of my book

Saturday, October 13, 2007

O Star Wars Turco!!!!! (13 / 10 / 07)

desta vez, não escrevi o texto. poderia, mas a fonte de onde tirei isto é tão engraçada, que preferi manter como está no original.
ouvi falar deste filme num fanzine, enviado pelo grande José Salles. passou-se muitos anos, e eis que o encontro no youtube! recomendo vê-los, logo após ler o incrivel texto de Douglas Donin.
tenho que divulgá-lo. aqui está o blog de onde tirei o texto original:
www.duvido.com
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Quando falamos em “cinema europeu”, a maior parte das pessoas pensa logo em filmes bem-acabados, intimistas e intelectualizados. Embora a fama de “cinema cabeça” que o cinema do velho mundo acabou adquirindo nas últimas décadas não seja de todo injusta, nesta e nas duas próximas colunas trataremos de filmes bem diferentes dos realizados por Almodóvar, Kieslowsky, Pasolini ou Godard: o surpreendente e incrível cinema turco.

Ao tratar do cinema da Turquia, o leitor deve deixar seus preconceitos para trás. Quase todos conhecem Ed Wood, considerado o pior cineasta de todos os tempos. Pois, comparado a gênios como Çetin Inanç e Fikret Uçak, Edward D. Wood Jr. é um cineasta do quilate de Steven Spielberg. Sua obra fundamental, Plano 9 do Espaço Sideral, coloca-se ombro a ombro com Cidadão Kane quando comparada a pérolas turcas como O Homem que Salvou o Mundo, 3 Homens Poderosos e 3 Super-Homens Contra o Poderoso Chefão.




Para iniciar o leitor nesta fantástica viagem pelo cinema turco, não pouparemos munição. Escolhemos logo aquele que pode muito bem ser o pior filme jamais realizado em toda a história humana: O Homem que Salvou o Mundo” (Dünyayi Kurtaran Adam), ou, como exibido em mostras recentes no Brasil, Aquele que Veio Salvar o Mundo, ou ainda, como é bem mais conhecido, simplesmente “O Star Wars Turco”, uma obra-prima dirigida por Çetin Inanç e estrelada por Cüneyt Arkin, o maior herói de ação da Turquia (que também escreveu o roteiro desta maravilha) e Aytekin Akkaya, outro popular astro do país.



Não há palavras para descrever este filme.Sei que isso pode soar extremamente clichê, mas neste caso, não há mesmo. É ver para crer. E mesmo vendo, demora um pouco, talvez umas duas horas, para começar a acreditar que aquilo que está passando na frente de nossos olhos realmente existe, que não é uma alucinação ou uma viagem de LSD. Talvez “chocante” seja o termo mais adequado para descrever o quanto a experiência surreal de assistir ao famigerado “Star Wars Turco” pode nos arremessar para longe dos confortáveis padrões pelos quais julgamos o cinema.

Peço desculpas se a narração a seguir não fizer muito sentido - sei que será bastante confusa. Apenas digo que a culpa não é minha, como vocês poderão facilmente constatar se tiverem o prazer de assistir a esta película.

Os créditos iniciais já servem como aviso para o nível de precariedade do filme. Os nomes dos envolvidos na produção desfilam, um a um, pintados em uma espécie de cartolina ou lençol preto, sacolejando ao som de uma música tropical para lá de ridícula, por pelo menos uns bons cinco minutos. Depois da interminável espera, onde ficamos imaginando que tipo de produção pode ter estes créditos tão pobres, finalmente aparecem as primeiras imagens do filme - mas não exatamente do filme que estamos esperando…

Isso mesmo. “Dünyayi Kurtaran Adam” começa com um prólogo inacreditável montado a partir de imagens descaradamente retiradas de Guerra nas Estrelas. De quebra, a música é composta principalmente por trechos da trilha sonora de Caçadores da Arca Perdida. E quando eu digo isso, não me refiro a imagens “parecidas” com as do filme de George Lucas, nem com música “parecida” com a do Indiana Jones. Eu digo ROUBADAS mesmo! Cenas inteiras! Millenium Falcon, Estrela da Morte, TIE Fighters, tudo!

Neste prólogo ficamos sabendo que, em um futuro distante, a humanidade conseguiu colonizar a galáxia, “dando fim à Era Espacial e iniciando a Era Galáctica” (palavras do próprio script). Foi o início de uma era de paz absoluta que durou milhares de anos. Ou pelo menos seria, se um tirano intergaláctico não iniciasse uma guerra nuclear contra os seres humanos, por motivos não muito claros.

Assim, falando, pode até parecer pouca coisa, no entanto, tenham em mente que esta historinha se desenrola enquanto vemos imagens aleatoriamente amontoadas de Guerra nas Estrelas repetidas à exaustão e ao som da trilha sonora de Indiana Jones.

Depois que a Terra é destruída e feita em milhões de pedaços pelo menos umas 4 vezes, isso só no prólogo (em uma repetição insistente da cena onde a Estrela da Morte destrói o planeta Aalderan), os seres humanos recorrem a uma última e poderosa tática de defesa: formam, ao redor da Terra, um escudo impenetrável feito com o poder do cérebro humano. Pensaram em poderes paranormais ou força-de-vontade? Erraram! O escudo é feito literalmente com “moléculas comprimidas de cérebro humano”, na explicação científica mais escabrosa de todos os tempos! Mas não para por aí: o que é capaz de atravessar um escudo feito de moléculas de cérebro humano? Apenas um raio feito de moléculas de cérebro humano, com certeza!

“No entanto”, segundo o narrador do prólogo, “os inimigos da Terra não possuíam cérebros”. Para isso, intensificam seus ataques contra a humanidade, buscando capturar um cérebro humano, a arma mais poderosa do universo. Como última alternativa de contra-ataque, “os dois mais fortes e habilidosos guerreiros turcos” (não ria) são enviados em seus caças para lutar na batalha espacial. E aqui está uma genial solução dos gênios por trás deste filme: para parecer “menos copiado”, aqui os caças TIE são dos mocinhos, e os X-Wings são dos bandidos. Mas como fazer pare que os caças da rebelião, que originalmente deveriam estar atacando a Estrela da Morte, pareçam sair dela? Simples! Basta passar as imagens ao contrário, fazendo os caças X-Wing andar de marcha-ré! Genial!

Demora um pouco para vermos uma cena não roubada de Guerra nas Estrelas, mas finalmente nossos heróis, Çetin Inanç e Aytekin Akkaya, daqui para frente chamados apenas de “Cid Moreira” e “Dedé Santana” devido à espantosa semelhança física, aparecem nas cabines de suas naves. Na verdade, eles estão apenas sentados em cadeiras na frente de um pano onde são projetadas imagens de batalhas espaciais de Guerra nas Estrelas, usando capacetes de ciclismo e fones de ouvido comuns e fingindo estar pilotando.



O detalhe é que as imagens projetadas são totalmente aleatórias, e enquanto os nossos heróis ficam dizendo coisas como “estou perdendo altitude”, “belo tiro” e “eles são muito feios, prefiro garotas de mini-saia” (não ria), atrás deles são projetadas tomadas de naves se deslocando de lado, de frente, imagens do radar da nave do Luke Skywalker, mãos apertando botões e outras, sem cuidado ou edição nenhuma, como se fossem parte da batalha! Eu não sei qual o poder de abstração do público turco, mas para relevar estes detalhes, suponho que seja algo sem paralelos no ocidente.

De qualquer forma, nossos heróis turcos são abatidos e caem em um planeta deserto. Após emergirem do meio de uma fumaça colorida, que supostamente simboliza a queda das naves, e após observarem pirâmides, esfinges e afrescos egípcios, em imagens certamente roubadas de algum documentário antigo sobre o Egito, são atacados por esqueletos a cavalo. Espere, eu disse “esqueletos”? Não, o correto é “homens gordos de roupa preta com ossos de espuma colados nas calças e camisas”.

Depois de uma luta que faz as brigas dos Trapalhões parecerem coreografia de filme do Jet Li, Cid Moreira e Dedé Santana fogem para um povoado humano, onde ficam sabendo que este planeta (originalmente a parte da Terra correspondente à Turquia, lançada com povo e tudo ao espaço depois da explosão do nosso planeta, o que miraculosamente não matou ninguém nem alterou a atmosfera ou gravidade do local) é coincidentemente governado pelo tal tirano intergaláctico em pessoa. Espere aí: o tal Darth Vader turco não estava à procura de um cérebro humano? Por que procurar tão longe se ele possui milhares de turcos à sua disposição no planeta que governa? Os turcos não têm cérebro? Aparentemente nossas ingênuas mentes ocidentais não estão à altura das sutilezas da ficção turca.

Neste ponto o filme já trocou repentinamente de gênero, abandonando a ficção-científica e tornando-se uma mistura de filme de artes marciais, terror e épico. A história continua, com nossos másculos heróis enfrentando monstros de pelúcia rosa, múmias de papel higiênico com garras de cartolina, homens com máscaras de carnaval (aquelas mesmo com buraquinhos nos olhos), mais homens vestidos com roupas de esqueletos e muitos outros inimigos, contra os quais nossos campeões intergalácticos sempre demonstram toda a eficiência e superioridade das artes marciais turcas, apesar dos seus evidentes quilinhos a mais.

Em determinada parte, arrependidos por não terem conseguido salvar algumas crianças do ataque de múmias, nossos adiposos guerreiros lançam-se a um rigoroso treinamento que envolve esmurrar e chutar pedras no deserto até que elas causem grandes e inexplicáveis explosões multicoloridas, correr e pular com pedras amarradas nas canelas até ser capaz de saltar por cima da cabeça dos inimigos, e outras modalidades de treinamento certamente comuns nas aulas de educação física das escolas turcas.

Aliás, na última metade do filme, o personagem de Cid Moreira faz uso intensivo deste treinamento, saltando pelo menos umas quinze vezes sobre a cabeça de cada inimigo antes de derrotá-lo, com a ajuda de trampolins escondidos no cenário. O porquê disto é uma incógnita, mas parece ser parte fundamental das técnicas marciais turcas - tanto que o recurso é utilizado incontáveis vezes durante o filme.

Este treinamento todo torna nossos heróis praticamente invencíveis, mas, mesmo assim, não impede Dedé Santana de ser capturado pelo Darth Vader turco. Enquanto o amigo é mantido sob tortura, amarrado cruelmente com dois fios de telefone, Cid Moreira parte em busca de uma espada mágica, item central na trama, a qual não passa de uma gigantesca espada mal-feita de papelão dourado recortado em forma de relâmpago, e de um misterioso cérebro humano dourado, cujo uso, para variar, não fica bem claro. Após obter estes itens, nosso grisalho campeão os funde em miraculosas luvas e botas douradas capazes de fazê-lo saltar ainda melhor e mais vezes sobre a cabeça dos inimigos.Os momentos finais do filme são absolutamente insanos. Enquanto todo o poder da criatividade turca vira do avesso nossos pobres e despreparados cérebros ocidentais, somos tomados por um sentimento de euforia, incredulidade e êxtase ao acompanhar as fantasticamente vergonhosas cenas de luta e os esplendorosamente ridículos efeitos especiais deste épico capadócio. Monstros de pelúcia rosa são divididos ao meio por golpes de caratê, múmias explodem quando suas cabeças são arrancadas, florestas se incendeiam quando robôs de borracha apanham em suas proximidades, templos antigos desabam (em cenas roubadas de “Sansão e Dalila“) quando X-Wings bombardeiam a Estrela da Morte, vilões arremessam lanças mas os heróis são mostrados se esquivando de estrelas ninja de cartolina e Cid Moreira enfrenta o Darth Vader turco no mais inacreditável confronto final jamais mostrado no cinema. É colossal! E, como a esta altura o leitor já deve ter se perguntado se as X-Wings são dos mocinhos ou dos vilões, se a Terra foi ou não foi destruída, entre outras indagações cruciais, eu já adianto: preocupar-se com estes detalhes é inútil, pois este filme não faz, em momento algum, o menor sentido!Dünyayi Kurtaran Adam nunca foi oficialmente lançado fora dos cinemas, nem mesmo na própria Turquia, e as únicas cópias existentes deste filme foram obtidas a partir de gravações feitas diretamente no interior do cinema por um grupo de heróis geeks da Alemanha. Mesmo assim, o filme escapou para o mundo, tornando-se um objeto de culto no meio nerd, e não é difícil encontrá-lo pelas redes de compartilhamento de arquivos. Eu normalmente não deveria estimular a pirataria, mas como, a julgar pelo uso indiscriminado de pedaços inteiros de filmes ocidentais, os realizadores deste filme aparentemente não conhecem muito bem o conceito de “direitos autorais”, pirateá-lo é quase uma justiça poética.

Este é um filme obrigatório. Depois de assistir a O Homem que Salvou o Mundo, toda a sua experiência cinematográfica anterior será muito mais prazerosa e colorida. Filmes que você julgava ruins parecerão maravilhosos, e você com certeza pensará duas vezes antes de dizer que um ou outro filme é mal-feito. Além disso, não é qualquer filme que bate facilmente pode pleitear o título de pior do mundo!

veja no youtube:
parte 1 :
http://www.youtube.com/watch?v=cWdDfuBiKnc
parte 2:
http://www.youtube.com/watch?v=fOhRFUNRK8k
parte 3:
http://www.youtube.com/watch?v=wxKpJKvTE2Y
parte 4:
http://www.youtube.com/watch?v=N4InHhDevgQ&NR=1
parte 5:
http://www.youtube.com/watch?v=IT0dlBD5HfY&mode=related&search=cuneyt%20arkin%20dunyayi%20kurtaran%20adam%20turkish%20star%20wars
parte 6:
http://www.youtube.com/watch?v=4At0jyMbSe0&mode=related&search=cuneyt%20arkin%20dunyayi%20kurtaran%20adam%20turkish%20star%20wars
parte 7:
http://www.youtube.com/watch?v=gVCwQaipYXA&mode=related&search=cuneyt%20arkin%20dunyayi%20kurtaran%20adam%20turkish%20star%20wars
parte 8:
http://www.youtube.com/watch?v=iT4UmZ_gRrw
parte 9:
http://www.youtube.com/watch?v=dpmvRbTRtEI
parte 10 - o final deste épico do cinema!!
http://www.youtube.com/watch?v=BrA8xQDlIUI

bom divertimento!!!!

Thursday, October 04, 2007

Cowparade (04/10/07)

está cheio de bois aqui no Rio! até que são bonitas , as estátuas.. e engraçadas. tem uma lendo livro com o Drummond que é hilária. vi uma no orelhão, muito engraçado.
finalmente a Live365 voltou ao ar. e voltou legal, acabo de ouvir yes (And You and I), Caravan (Golf Girl) e The Nice (happy Friends), seguidas, assim. muito bom.