(28/05/2007) literatura realmente faz bem pro cérebro!!
Que faria ele
Se tivesse o papel e a deixa da paixão
Que a mim me deram? Inundaria de lágrimas o palco.
E estouraria com imprecações horrendas os tímpanos do público (...)"
Enquanto você estava lendo este trecho do segundo ato de "Hamlet", o seu cérebro entrou em atividade elétrica intensa, como se soltasse faíscas. Isso por que as frases do texto têm uma construção diferente da qual estamos acostumados, além de palavras que não são muito comuns no nosso vocabulário. Termos trocados de posição e palavras como "imprecações" pegam o cérebro "de surpresa", que reage com uma super atividade mental, semelhante a de quando estamos montando um quebra-cabeças. Com isso, você exercita o seu raciocínio. Essa foi a explicação de Philip Davis, professor da universidade "School of English", quando soube da constatação de pesquisadores de Liverpool.
O time da Universidade de Liverpool começou a desenvolver a tese de que o contato com literaturas inovadoras poderia prevenir a esclerose. Imagens reproduzidas por ressonância magnética apontaram que as cobaias tinham maior atividade mental ao ler algumas frases de Shakespeare ou de escritores como Chaucer and Wordsworth. O professor Neil Roberts, do Centro de Pesquisa de Ressonância Magnética e Análise de Imagem da universidade, explicou: "Quando uma palavra muda a gramática da frase, o cérebro chega ao auge da atividade. Ele sabe que precisa reverter o mecanismo de processar informações para entender o real sentido daquilo".
Os pesquisadores investigam agora quais são as áreas do cérebro mais afetadas pela esclerose e como uma atividade mental saudável poderia amenizar ou prevenir a doença. O professor Philip Davis publica mês que vem o livro "Shakespeare Thinking", no qual defende a tese que crianças que lêem literatura clássica têm mais facilidade na hora de estudar conteúdos mais complexos.